sábado, junho 28, 2008


Estou colecionando guias de viagem. Cada um coleciona aquilo que mais lhe apetece. A mim os guias de viagem me dão fome. Já tenho da Itália, Espanha, Europa, América do Sul, México e hoje ganhei um de Portugal e Espanha, de uma amiga (acho que essa minha nova mania de colecionar já está nítida para os amigos - não foi o primeiro guia que ganhei - Itália e Espanha também foram presente). Acho que como toda coleção que se preze, os objetos colecionáveis acabam não tendo muita utilidade além de fazerem uma bonita estante. Não estou menosprezando os guias em sua função, até porque sou a primeira a folheá-los antes de uma viagem, e inclusive são muito mais interessantes que latas, chaveiros ou cartões postais. Porém, uma bela viagem vai muito mais além dos guias. É composta de dicas de amigos, pesquisas em outros meios, intuição e sonhos. O meu planejamento, certamente o qual não será cumprido, foi composto de um pouco de tudo misturado num liquidificador pessoal e processado gerando salames enformados em excel e word.


Cada vez que vejo a minha estante de guias crescendo a vontade de conhecer o mundo sem um desses livros é maior (claro que não só por isso que essa vontade cresce). O desejo é de pegar todos, ler, devorar, saber o melhor e o pior de cada lugar e depois largar todos e se perder, sem mapa, sem língua local, apenas com a enorme vontade de conhecer e ser conhecida. Porque essas dicas todas, essas indicações todas de roteiros e albergues criam uma ansiedade interna que para ser banida só mesmo seguindo o próprio feeling.


Mas, de qualquer forma, não custa divulgar (quem sabe alguém cai na minha): se você quer ir para o leste europeu, tenho bons pacotes. Se nenhum pacote te interessar prometo indicar os melhores pontos da cidade em questão e, inclusive, bons albergues. De quebra, você tem direito a receber xerox das melhores páginas dos melhores guias da Europa; uma compilação especialmente para você.


Beijos e que te vayas bien!


quinta-feira, junho 26, 2008


Caminho inevitável


Se tivesse fórmula para viver bem

O mundo seria feito de pétalas de rosas brancas

E pessoas se abraçando por aí de tamanha felicidade.


Caso soubéssemos a maneira de manter o corpo são

(Se os médicos chegassem a um consenso do que é o melhor)

Poderíamos viver eternamente sem nos depararmos com a morte

E sermos obrigados a vivenciar várias guerras, devastações.

E, mais, não conseguiríamos andar sobre a Terra de tamanha lotação.


A vida nos prega peças, é verdade

Porém é mais sábia que todos os gurus já conhecidos um dia

É ela e a energia maior que a move

O que nos poe no caminho que temos a seguir.


Cada um tem o seu caminho de pedras (ou de doces) a andar.

Cada pessoa escolhe as bifurcações nas quais quer entrar.

E se não consegue escolher, a vida escolhe por si só,

Não há como fugir.


26/06/08


terça-feira, junho 24, 2008


Hoje a vontade é de falar do meu Brasil brasileiro e um pouco de amor. Talvez o desejo de falar de ambos os temas, e ao mesmo tempo, não sejam mero acaso. O Brasil além de ser a minha pátria, o país que me abrigou, é onde aprendi sobre a vida, onde lutei, onde plantei, onde colhi e onde aprendi o que é amar (ou, ao menos, o que eu acho que é o amor por enquanto). Mas claro que a minha relação com esse país, assim como com tudo e todos na vida, não é feita só de amores. Essa imensidão de verdes, azuis e sorrisos me proporciona sentimentos muitos vezes até temidos por nós humanos como a frustração, o medo, a raiva e a insegurança. Tentar resolver uma questão burocrática aqui é inversamente proporcional ao sentar na praia de Ipanema e sentir a brisa do mar. Querer um bom serviço é quase como esperar a banda passar. Imaginar um Rio de Janeiro em paz corresponde à aguardar um lindo céu azul de outono em pleno verão de 40 graus. O Brasil, pátria amada idolatrada salve salve, é o próprio exemplo da dualidade, um país tão rico em pessoas, alegria, música e tão pobre no que se refere a uma nação preocupada com seus cidadãos. É de se tirar o chapéu para nós brasileiros que passamos por essas dificuldades e vencemos e, principalmente, para os que passam pelas mesmas coisas e não reclamam disso, simplesmente vencem (sinceramente não sei a qual grupo pertenço mas espero que esteja me aproximando do segundo).


E foi no Brasil que vivi o primeiro amor; foi aqui que aprendi o prazer do sexo, a importância da sinceridade, o valor da dança e da música de uma forma geral. Foi nesse país de jacarés e gaivotas que me entendi por gente, que fiz amigos queridos, que me conheci. O Brasil, com "s", é nosso (e é mesmo, porque se nas relações entre homem e mulher morar junto mais que 5 anos já dita um casamento viver em um país por alguns bons anos a mais traduz um belo de um matrimônio) e sempre será. E, exatamente por isso, é que não dá pra entender não cuidá-lo como cuidamos dos nossos pertences ou das pessoas amigas. Cuidar não é simples, é verdade, muitos de nós nessa atualidade louca nem estamos aprendendo esse verbo, mas é hora de ter a curiosiodade de conhecê-lo. Bom infinitivo, aplicado a diversas situações do dia a dia e, mais que tudo, às relações humanas.


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Arrumando o quarto, abrindo as gavetas e folheando cadernos finalizados, resolvi escolher algo para postar aqui que de alguma forma tivesse a ver com o que falei. Poderia falar de fauna, flora, política, amor... mas vou compartilhar algo sobre prostituição.



São moças, mulheres, senhoras

As que dão prazer fácil a alguns homens

Muitas vezes barato, de graça;

Porque 10 reais é de graça para chupar um pau (sujo),

Para se submeter ao tesão de um homem podre

Às vezes marido, às vezes velho, às vezes menino ainda.


São guerreiras e pacifistas.

Guerreiam com a vida

E tentam fazer a paz consigo próprias.

Não é fácil o aperto de mão

Para essa que teve que criar esse lado em si.

É tarefa difícil viver a vida assim.

Não que eu saiba, mas só de não saber

E nem conseguir imaginar,

Imagino a dificuldade que seja.


São mães, esposas, cidadãs

Talvez não reconhecidamente,

Certamente preconceituadas.

Sem passado falado

Sem futuro esperado

Apenas sonhado

(Porque este ainda é dado a todos)

Até que não consigam mais nem sonhar,

Até que emprenhem de um mal amado.


24/10/06


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A foto é do lindo presente que minha amiga Nati mandou. Emocionei-me demais com as rosas em botão, apertadas como que aquecendo umas às outras, prestes a desabrocharem, formando um feminino bouquet.


quarta-feira, junho 18, 2008


Solidão escolhida


As amarras se desamarram quando resolvi por fim

Desatar os nós que estavam presos dentro de mim.

E seguir em frente na direção de um sonho

Que dentro de mim já não cabia mais em tamanho.


A dor do crescimento pungente é aparente

E não é sensação nenhuma de cobertor quente.

Quarto frio, casa vazia, sapato desamarrado

É sentimento nunca antes velado.


Introspecção diária, desejos não revelados

Lista escrita pela mão trêmula, afazeres realizados.

Algumas vontades deixadas de lado

Que dão espaço ao coração comandado,

Pelo querer futuro maior que o poder presente

Que tole, que limita, que permite apenas o ausente.


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Não posso deixar de falar do meu aniversário, que foi ontem e que representou um marca na minha singela história de 25 anos de vida. Além dos tradicionais votos de saúde, paz, amor, alegrias e sucesso (bem-vindos a cada palavra; que eu amo ouvir de cada amigo quantas vezes forem ditos!), recebi muitos dizeres referentes à nova fase em que minha vida está entrando. Confesso que a cada palavra dessas eu rezava junto com a pessoa através de um "amém" mental e pedia a Deus que realmente meu ano fosse repleto de tudo aquilo que eu estava ouvindo. Mudar de vida, mudar de país, optar por deixar o certo pelo duvidoso (ou ao menos um pouco menos certo), se afastar dos amigos e familiares e ir rumo a tudo novo, demanda coragem e um pouco de cegueira também. Acho que se minha visão fosse perfeita talvez não ousasse a esse ponto (risos).


Cada dia que passa são horas a menos na cidade onde nasci e onde vivi talvez 90% do meu tempo até aqui (os 10% restantes podem ser divididos entre poucos meses na Inglaterra, algumas viagens pelo Brasil e outras pelo exterior - claro que não fui pshyco o suficiente para fazer essa conta, vamos trabalhar com possibilidades); horas a menos para chegar no "meu ano", o ano em que o mundo ficará um pouco menor para mim. A ansiedade é tamanha que os chocolates na minha casa estão sumindo com uma velocidade nunca antes vista e a esteira usada como também nunca antes esperado (é a tentativa do equilíbrio Ying-Yang, certamente não encontrado). O negócio não está simples para a mente inquieta de Gisele Dahis, mas nunca me satisfiz com as coisas fáceis. Pois bem, estou na chuva para me molhar. E já posso dizer pelo pouco que estou sentindo na pele, que mesmo que venha um temporal, uma chuvarada, uma tempestade, está valendo a pena. Claro que estar com uma boa capa de chuva para mim e para a mochila não custa nada. É o que tenho tentado ao menos providenciar.

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Por fim, dia 15/06 estava pensando a respeito do dia do meu aniversário "não sei se é bom ou ruim aniversariar" e ao final do dia 16/06 concluí que é muito bom. Porque os anos vão passar de qualquer forma então que ao menos aproveitemos o nosso dia, o dia em que ouvimos as palavras mais belas e mais carinhosas das pessoas que amamos. Meu dia foi maravilhoso, um belo aniversário de 25 anos, com direito a café, almoço e jantar entre queridos. Sentirei saudades de todos!
Em homenagem a mim mesma (e ao espelho narcísico que tenho em casa), coloquei uma foto tirada por Daniel Stanislauskas.




sexta-feira, junho 13, 2008


Quase uma semana sem escrever foi muito para aquela que estava viciada (e necessitada) de escrever um post por dia. O porquê disso ter acontecido pode ser simplesmente pelo fato de eu ter mais tempo livre, mais tempo para pensar e, também, mais tempo para agir. Acho que gastei todo esse tempo disponível agindo. Seria mentira dizer que não pensei (como bem já sabem dessa minha tendência quase suicida de ser comida pelos pensamentos), mas não houve tempo o suficiente para maturação e entendimento.


Pois bem, o que posso falar sobre isso tudo é que descobri como é difícil ter tempo. Não consigo entender (aliás, bato palmas) as pessoas que têm muito tempo livre. Talvez essas que têm muito tempo não o tenham exatamente livre e sim disponível. O tempo sempre à disposição deve ser mais fácil de manejar do que algum tempo livre de vez em quando. Porque tal situação é tão inusitada que se torna um sorvete derretendo na sua mão ao vento e você sem saber se come ou se toma cuidado para não cair na roupa. Sabe aquela situação que te pega de surpresa e você fica meio sem reação? Ou até que você talvez já esperasse de certa forma mas que, ainda assim, você fica sem saber o que fazer exatamente?


Estar na Cidade Maravilhosa livremente numa quarta-feira pela manhã é algo para poucos e que merecem os parabéns quando aproveitam bem essa oportunidade. É o que tenho tentado fazer: aproveitar bem as oportunidades que me estão sendo proporcionadas. Uma delícia almoçar com amigos que não vê há anos, ou dar uma volta pelas calçadas de Ipanema, ou ainda fazer uma aula de Yoga no meio da tarde, ou por que não fazer as unhas (?). Mas não é fácil decidir o que fazer com as horas livres da agenda, sem compromissos marcados, sem produtividade a ser realizada. Na verdade, acho que o mais difícil é decidir para si mesmo que esse não fazer nada é fazer muito; é fazer por si para si, é curtir a própria companhia, é perceber que existe uma casa durante o dia, é ver o carteiro chegar, é realizar que as crianças vão e vem do colégio, é ver que a tevê tem programação durante todo o dia. Acho que estou aprendendo que há vida de dia no Rio e que é maravilhoso perceber isso in loco.


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Para os que estão por aqui, com tempo livre, com vontade livre, com mente livre, entrem em contato. Vamos juntos curtir um pouco da água de coco que é essa cidade.




sábado, junho 07, 2008



Semelhança semântica

Não sei se há diferença entre se despedir e se despir,

Além do "ed" a mais na palavra.

Despedir-se é tirar a roupa da alma

Deixar aparecer o lado sensível de cada um

A parte que se relaciona e que sente

Ou sentirá a falta do alguém.

Despir-se é, de várias maneiras,

O dar adeus a partes suas, roupas ou outras,

Que saem para voltar (ou não)

De forma igual ou diferente.

Da premissa que despedir-se e despir-se se equiparam,

Aproveito para me colocar nua,

Mostrar o que às vezes se pretende esconder

E assumir o corpo, a alma, os sentimentos.

quarta-feira, junho 04, 2008


Hoje não consegui definir exatamente a respeito de que gostaria de escrever. Foi um dia longo, de muitas experiências externas, um pouco diferente do comum e de muitos pensamentos, consequentemente (para mim é assim que funciona, como uma fórmula: viveu, pensou - claro que não digo daquela forma intelectualóide e chata que nem eu mesma suportaria, mas o pensamento de forma a conscientizar a vivência). É como se eu a cada dia alguns minutos reservados para pensar a respeito do que aconteceu naquela folha do calendário, naquele "xis" que fazemos, na página virada. Para mim é questão de sobrevivência, e para os que não se importam para isso sugiro que experimentem. É bastante interessante saber o que se passa na própria vida e vislumbrar os melhores caminhos e o que eles significam.


Devaneios a parte, vamos ao relatório do dia de hoje.


Acordei como pouco de costume antes das 7h da manhã pois tinha uma longa jornada que começaria por uma tarefa pouco agradável mas necessária (mais uma dessas coisas da vida que acontecem e que se pudéssemos pagar para alguém fazer faríamos): levar o carro na revisão. Como uma boa mulher que se preze e, principalmente, que valoriza muito mais outros assuntos do que a joaninha que fica na garagem, deixei chegar ao limite final da quilometragem para levar o dito cujo ao seu hospital. De hoje não poderia passar e, infelizmente, não tive nenhum candidato para fazer isso (às vezes alguns homens se oferecem para tal mas não foi o caso). Chegando lá e praticamente levando uma bronca do atendente (pois por menos de 100 quilômetros eu não poderia fazer - !) peguei um táxi em direção ao trabalho diário. Esse sim, mais de costume do que o acordar antes das 7h (até demais no momento).


No táxi fui lendo um livro e percebi que existe sim uma forma de estar no trânsito sem estar cansada, estressada ou falando no celular com medo do guarda: ir de táxi. Pena que custa tão caro e que você nunca sabe o que lhe aguarda (motorista, música, cheiro, calor/frio etc) e se lhe aguarda - porque na volta do trabalho tive que cojer outro e quase pedi carona de tanto esperar. Sabe, o que acho mais curioso dos táxis é a escolha musical. Faço quase que uma pesquisa antropólógica: o motorista poe a música pra ele ou para o passageiro? é música ou notícias sobre o trânsito (pois é, existem rádios que só, apenas, falam de trânsito - consegue imaginar o que é ficar mais de 30min num carro ouvindo onde está engarrafado e onde está livre? e o dia inteiro? realmente não sei como conseguem, mas talvez nem eles estejam ouvindo muito aquilo, é pano de fundo)? volume alto ou baixo? ele percebe quando você atende ao telefone para abaixar o som ou ele simplesmente esquece que tem alguém e, ao contrário, começa a falar no celular? Bom, essas e outras são curiosidades que me passam pela mente no carro amarelo. É, vejam bem, ao menos tenho um passatempo.


No trabalho o dia correu bem não fosse uma inquietação crescente que me toma o corpo, mente e coração a cada hora que passa. 48 horas é o que falta para o até logo, para deixar o filho criado (desde o nascimento, literalmente). Despedir-se é um treinamento de desapego tão profundo que, apesar de já experimentado por mim algumas vezes, é sempre um exercício não suficientemente treinado. Já consigo ter a sensação do que sentirei em breve com a distância mas acho que esse tipo de sentimento nunca se sabe até vivenciar. É o tipo de teoria que mesmo lida em diversos livros ou pensada (até pela minha mente hiperativa) nunca funcionará sem viver.


Como dito, depois de quase desistir do táxi da volta, cheguei em casa e fui fazer a minha Yoga - momento de interiorização do dia, de consciência corporal, de alongamento das idéias. E, depois, creiam ou não, assisti à semi-final que passava na televisão. Não só assisti como me emocionei. Com os gritos da trocida, os abraços acalorados, as bandeiras balançando e o quase-morrer-de-tanto-gritar do locutor. E a minha conclusão foi: somos todos brasileiros e por mais que não façamos questão (eu, ao menos), o futebol nos emociona sempre. Admito! ;)


Beijos a todos e uma ótima noite!


Sugestão: leiam "A menina que roubava livros" - um romance sobre um a menina que é adotada na época da segunda guerra e "é salva" pelos livros; detalhe: a narração é feita pela Morte - informação que achei bem importante.

terça-feira, junho 03, 2008


Hoje simplesmente me deu vontade de não ir dormir sem escrever algo. O corpo está inquieto e a mente nem se fala. Até as psicócologas se espantam com a velocidade e a quantidade de coisas que penso. E não pensem que estou achando bom ou me vangloriando por isso. É cansativo. E, ao mesmo tempo, me deixa viva. Por essas e outras existe a meditação, a Yoga, a música e a escrita, além de muitas outras ferramentas que nós humanos usamos para sair da rapidez que nós mesmos criamos. É engraçado isso. Bom, eu acho.


Mas mais engraçado ainda é pensar na forma que nos comunicamos atualmente e a mudança do conceito de proximidade ou afastamento (das pessoas). Nosso mundo pessoal é repleto de contatos, seja nos sites de relacionamento, seja na pasta do sistema de email utilizado ou na agenda do celular, cada vez com mais espaços para nomes (o suficiente para arquivarmos telefone da pizzaria, da farmácia, do ou da peguete - que geralmente se precisa perguntar o nome novamente antes de escrever, o que já torna o armazenamento duvidável - ou de um contato "profissional" que você nem sabe porque anotou e que depois nem consegue achar - na sua própria lista!). Guardar infinitos contatos é como ter essas pessoas, de alguma forma, fazendo parte da sua vida. A sensação, muitas vezes, é de que basta olhar o telefone ou o email ou a foto daquela pessoa em um dos seus sistemas de contatos pessoais que esta já está sendo contatada. É como estar no ônibus, pegar o celular para ligar para alguém e quando começa a passar os nomes tem a impressão de que está se aproximando das pessoas que estão com o nome cadastrado ali e o qual você acabou de ler. Não, não é assim que o ser humano é. Porém, cada vez menos humanos que estamos, nós nos deixamos seduzir pela facilidade dos relacionamentos de "contatos" e "listas" e esquecemos de lado a dificuldade em manter uma relação.


Relacionamento, creio que podemos ter com muitas, muitas, muitas pessoas (quantas forem possíveis armazenar nos meios eletrônicos); Relação é para poucos. Os poucos que conseguem se abrir para conhecer esse novo mundo do outro e os outros poucos que se deixam conhecer. Para ter quantidade de nomes basta ligar para uma empresa de mailing list e comprar a lista que melhor tem a ver com a sua segmentação pessoal (idade, cidade, país, música preferida, livros que leu etc). Conheço algumas para os interessados. Para iniciar relações aí já não sei se posso ajudar muito porque cada um tem que descobrir a sua forma pessoal de iniciar e manter uma relação. Estas, não tem espaços em branco para serem preenchidos como parâmetros criados por alguém; são as próprias criações. Se eu fosse falar de Deus e do que nós temos a ver com ele, diria que um dos pontos é termos a liberdade para escolher: relacionamentos ou relações. Certamente a escolha não é simples pois vem acompanhada de muitos esforços. Cabe a cada um avaliar se é suficiente abraçar o computador ou dormir com o celular do ladinho no frio do quase inverno.




domingo, junho 01, 2008


Ontem tive um dia de turista no Rio de Janeiro. Não é nada mal ser turista na própria cidade, aliás deveríamos fazer mais isso. Um dos meus sonhos é fazer o trajeto completo de um turista que vem passar o fim de semana no Rio, incluindo a noite num bom hotel com direito a café de manhã completo, claro. Mas o que fiz ontem foi apenas um dia de um turista no Rio; um turista talvez que já tivesse vindo uma vez e conhecido os pontos mais tradicionais da Cidade Maravilhosa.


Fui com minha amiga Mari ao Jardim Botânico e ao Instituto Moreira Salles. Estava um excelente dia nublado de outono. Nem frio nem calor, sem chuva. Ideal para risadas, fotografias diversas, conversas sobre tudo. A sensação de ir a esses lugares na cidade é a de estar aproveitando o que está no nosso nariz e muitas vezes não vamos (por vários motivos, até a famosa preguiça - inclusive um pecado merecedor de castigo!). Curtir o que o Rio de Janeiro tem a nos oferecer é deitar em cama macia e se aconchegar com o conhecido mas sempre surpreendente.


Há pouco tempo também estive no MAC, Museu de Arte Contemporânea, em Niterói. Um belo passeio entre amigas em um lugar romântico, belo e um pouco bucólico. Cenas do cotidiano diferentemente percebidas.


É estar aberto e atento ao que acontece ao nosso redor e parar de reclamar que estamos entedianos ou não aguentamos mais ir para certos lugares. A escolha é nossa. E quem estiver sem idéia, dá um pulo em uma agência de viagem e pede para o atendente montar um roteiro.


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Abaixo, um texto apenas, escrito há alguns dias que, de certa forma, tem a ver com o último post:


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Homem com agá maiúsculo

Deixam de falar com a moça sentada na mesma mesa
Para comer as unhas pelos (outros) homens correndo na tevê.
Usam os brinquedos eletrônicos no teatro
Ao invés de acariciarem a mão da amada ao seu lado.
Postam-se no sofá com jornal, revista, computador e quiçá uma cerveja
Enquanto a mulher aguarda para estrear a nova lingerie.

São estes os mesmos homens que romantizam a vida
Quando se deparam com a paixão avassaladora,
Com uma bela que lhes tira do eixo central, racional de costume.

São esses os mesmos machos que contam vantagens para os amigos
Quando se dão conta da tamanha insegurança que os assola
Vinculado ao último olhar não correspondido.

Os mesmos homens, não tão machos como a tradição (os) amedronta,
Que muitas vezes gostariam simplesmente
De ser o que primeiro lhes surge à mente e ao coração
Que sofre sem permissão e se cala,
Sob o medo da desaprovação.

22/05/08