sábado, novembro 22, 2008


Sagrada Família


Parc Guell


...

Quanto tempo sem passar por aqui! Mas não porque não estivesse aqui, na verdade sempre estive, vivendo para depois ter conteúdo a escrever-lhes.

A vida na cidade de Gaudí, da arquitetura gótica, da paella, dos vinhos, das festas e de tudo o mais um pouco, está muito bem, obrigada! O clima começa a esfriar, as folhas já caíram a maioria, as pessoas já encasacadas, o vento começando a gelar, o sol aparecendo menos tempo durante o dia... experiência no mínimo muito interessante: ver as mudanças climáticas, pessoais e sociais. Como parte também dessa natureza mutante, nós mudamos e nos adaptamos. Os cabelos caem, a pele seca, as unhas ficam roxas, a fome aumenta e outras mudanças emocionais que vêm agregadas. Ter a oportunidade de vivenciar as quatro estações do ano é muito bacana mas, pelo o que estou percebendo até agora, prefiro ficar com uma estação o ano inteiro, como já estava acostumada do lado de lá do oceano.
...
Outra parte interessantísima dessa história toda é o ponto de vista de estar "no centro do mundo", geograficamente mesmo falando. Ver mapas da Europa na empresa, ver globos terrestres planejados de outros ângulos, pensar passagens aéreas, "ter" a América do Sul como um outro mundo distante de selva e gente estranha e outras coisitas mais. Entender o mundo, a história global, as guerras, as colonizações e todo o resto do ponto de vista europeu é muito diferente. Realmente toda a nossa experiência de vida e nossos juízos de valores estão diretamente relacionados ao lugar onde estamos e como as coisas chegam aos nossos olhos e mentes.
...

Relações interpessoais aqui têm sentidos muito diferentes do que aprendemos no país tropical e talvez que também possa ser aplicado a outros países vizinhos. Aqui não se abre a porta da casa rapidamente mas quando se abre se entrega até as roupas lavadas se a pessoa quiser levar! Não se chama de amigo uma pessoa que conhece há pouco tempo, mas quando ela ganha sua confiança (e depois de apresentá-la a seus pais) vira amigo-do-peito-irmão-camarada. Para beijar na boca ou se faz de forma muito rápida e em uma noite ou pratica-se a paciência, espera-se estar completamente seguro, e quando beija passa a ter beijo todos os dias seguintes. Aqui as ações parecem terem mais planejamento prévio e as pessoas mais cautela (o que pode ser confundido com conservadorismo, às vezes). É outra forma de raciocinar e aplicar. Para nós, que viemos da terra do samba e maracatu, a adaptação não é muito natural, é questão de prestar atenção, aprender e praticar (exercícios diários). Claro, sempre há a possibilidade de não querer fazer nada disso, achar tudo diferente demais e preferir manter-se com a bagagem que já carregamos e aplicá-la no dia a dia. Eu tenho preferido deixar a bagagem anterior presente (que é o que mantem o suingue e o remelexo) mas abrir um espaço para colocar o que tem por aqui. Parece que essa mescla renderá um bom bolo ao final!

...
Saudades dos amigos e família é o que mais aperta o peito. E o que faz estar feliz é saber que estão todos seguindo suas vidas, buscando crescer, querendo estar com a felicidade!

...

Beijos enormes!!!

...

O tempo não volta.