sexta-feira, maio 30, 2008


Ontem foi engraçado. Três importantes jogos acontecendo. Povo brasileiro concentrado. Eu que, não sou de futebol mas sou muito de pessoas tive um momento de reflexão após presenciar cenas quase impossíveis de se imaginar nas CNTPs.


Se me chamarem para assistir a um jogo em algum lugar, independente do jogo vou por quem vai estar lá. O que passa na tela me interessa muito menos do que o papo paralelo que acontece no sofá ou na mesa do bar (aquele que alguns mal educados mandar "calar a boca" - sim, mal educados porque afinal, cada um tem o direito de se portar da sua maneira onde está).


Morar no país do futebol para quem não se interessa por tal coisa, pode até ser ofensa para alguns aficcionados, oportunidades para outros te convencerem a agora passar a torcer para o time deles (que é o melhor - sempre) ou constrangimento para você que nem sabia que ia ter jogo naquele dia, nem quem ia jogar e muito menos qual era o nome do campeonato.

A foto acima postada não tem como objetivo alfinetar ninguém até porque, como disse, não seria capaz de fazer isso com um assunto que mal conheço. É ilustrativa de como realmente tudo começa no berço.
...


Quando o negócio é futebol

Mais vale 11 homens na televisão

Do que 111 mulheres ao lado.


Quando o negócio é futebol

Um torcedor do time adversário

Por interessante que seja para um negócio

Vira inimigo mortal.


Quando o negócio é futebol

Um objeto dando sopa

Torna-se a própria sopa

Entornada no rosto de alguém.


Quando o negócio é futebol

(Ah, o momento em que é permitido)

O homem pula enganchado no outro

E grita "puta-que-pariu-é-issó-aí"


Alguém menos entendido

Ignorante ao país do futebol

Poderia supor que dali

Acabara de existir um orgasmo múltiplo.


Hoje duvidei que não fosse.




terça-feira, maio 27, 2008


Tempo


É engraçado

Bateu quase um mês no relógio.

A mente mudou, pulsou.

O coração acordou

Para as despedidas a serem programadas.


Percepção do futuro em outro chão

Faz crescer a vontade

De realizar o imprevisível,

Dar asas à percepção.


Lista de afazeres escrita

Pulmão cheio de ar

Para o mergulho que vou dar

No universo real,

Já, há muito, vivo no imaginar.



...



Relógio

Tempo

Despertador


Desperta a dor de dentro

Da angústia do tempo não dar


Asas para voar tão longe

Sentidos para perceber o importante

A ser feito antes do alarme tocar.



sexta-feira, maio 23, 2008


Poderia começar com um texto de abertura ou algo que tivesse um significado atual ou até que explicasse de certa forma o porquê da criação deste blog neste dia-hora-país-pessoa. Há uma explicação, não profunda porém não menos importante: em breve mudarei de casa, irei para outro habitat. Fato este que de antemão já me traz a certeza dos muitos escritos a serem criados e da vontade enorme de compartilhar com os amigos. Com isso, hoje nasce o Colcha de retalhos, espaço para nada mais nada menos que eu colocar para fora um pouco do que minha mente devaneia.


Para iniciar, sem grandes significados e sim apenas porque há de haver um ponto de partida, uma poesia escrita há cerca de 7 anos atrás. Pois é, comecei a escrever (dentro do que minha memória é capaz de lembrar) em 2000. Deixo aqui registrada a minha vontade de, em 2010, homenagear a mim mesma com um livro dos meus escritos. Nada de hostentação egóica pessoal e sim a realização de um dos sonhos que turbinam meus passos!


Outro ponto importante neste momento é lhes dizer que as fotos desse blog serão minhas (a não ser que a inspiração esteja pequena, a preguiça grande ou haja outra foto de outro alguém que ilustre muito melhor). E os textos, claro!


Namastê!



* * *


Memória

Caso todas as memórias ficassem armazenadas,
Engavetadas,
Acumuladas no meu próprio arquivo cinza grande,
O tempo teria parado ali.

Teríamos ficado eu, cartas, bilhetes borrados de lágrimas,
Sorrisos entremeados, entrelinhas caladas, frases ditas suadas,
Fotografias rasgadas, músicas ouvidas, camisinhas usadas.

Agora, sobrepondo-se à memória o esquecimento.
Chave motora para o prosseguir
O seguir adiante,
Mantendo à frente o caminho traçado.

Contudo sabendo que se trata apenas de tempo,
Para o hoje se tornar memória
Submetendo-se ao indispensável esquecimento,
Salutar na continuidade.

E enquanto é presente ficam os desejos.
Das cartas por vir, dos olhares a trocar, dos sonhos a planejar.
De tudo o que poderia ter sido,
E que ainda pode.

Lembrando-se da premissa do posterior esquecimento.