sábado, setembro 26, 2009



Maria mijona

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Maria estava conectada a tudo. Tinha todas as formas possíveis e imagináveis de falar com os outros via telefones e computadores. Estava mais lá que cá. Vivia todo o tempo vivendo o além do seu alcance, físico mesmo. Eram mensagens instantâneas e nem tão instantâneas assim; frases curtas ou longas para que vissem o que estava fazendo ou pretendia fazer; textos que expunham a realidade do mundo. Estava tão conectada a tudo. Era tão integrada na tecnologia. Inclusive era reconhecida por sua capacidade de estar em tudo ao mesmo tempo.

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Claro que, de tanto estar em tudo, Maria esqueceu do que era estar em si mesma. Quando um dia ficou sem seus aparelhos todos, conexão com seu mundo, seu mundo caiu. Percebeu quando, sentada no banco de trás de um táxi silencioso, o rádio foi ligado. Era uma daquelas rádios que tocam música da década de 90, geralmente as mais melancólicas possíveis. Que de tão melancólicas te obrigam a entrar em si mesmo para não precisar ouvir. Quando chegou dentro, se perdeu. Não tinha referências. Pediu pro taxista parar, saiu correndo e beijou o primeiro homem que passou. Agora tinha com o que se ocupar.

quarta-feira, setembro 23, 2009



Viva a Primavera!

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É tempo de florescer
Desabrochar os botões das rosas
Colorir o jardim urbano
Expandir alegria entre marrons

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Chegou o tão esperado dia
De comemorar a transformação da natureza
Florir o guarda-roupa de girassóis
Deixar o vestido fluir
Junto à dança do acasalamento do pólen.

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domingo, setembro 20, 2009




Sopro ao pé do ouvido

(ao som de Chet Baker)

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Respiração presa, insiste em sair.

Escapa pelo tubo dourado;

Corre e alcança os ouvidos atentos,

Que conectados às outras partes,

Fazem arrepiar até sangue mal circulado.

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Voz, piano, trompete e quase-respiração.

Erosão de feronômios

Que de internos se externalizam,

E no ar flutuando, se ponen

À espera do sonho chegar

E a noite passar.


sábado, setembro 19, 2009


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Quando ela ficou solteira quis dar uma de mulher de ferro e inverter os papéis. Virou um pouco homem e, de-igual-para-igual, conheceu um e outro, outro e um, um, dois, três, quatro. Passou alguns meses equilibrando e equilibrada com essa gama de gente.
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As amigas não entendiam como ela tinha tantos telefones de casos atuais e mantinha ativos cada um deles. Em um chá entre-amigas, contou o segredo: escolhe um prédio com o número de andares equivalente à quantidade de candidatos; coloca um em cada andar com espaço suficiente para sentir-se bem confortável (não esquece que um andar sempre é e continuará sendo o seu). Isso feito, comece a visitar um de cada vez; quando cansar volte para seu cantinho. E se por acaso eles se encontrarem no elevador, nao se preocupe, não vão nem notar algo estranho - eles não vêem os detalhes.

segunda-feira, setembro 14, 2009

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sinônimo de existir
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os que amam no fundo
os que no fundo sentem a raíz do pêlo eriçar
sempre terminam por deixar transparecer
o que teimam em esconder
dos críticos de boca torcida
pós ouvir a palavra amor
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amor é chique
amor é para os que que podem
amor é pra os que se arriscam
amor é cool, não é blazé.
eu amo tu amas ele ama
nós amamos
nós amamos, vos amamos, lhes amamos
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amo mais que tudo
a sensação de poder amar
a de haver sido amada
a de poder sempre sê-lo e fazê-lo;
é razão e consequência
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sábado, setembro 05, 2009

Arte de rua em Berlim

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"Marketing viral ou publicidade viral referem-se a técnicas de marketing que tentam explorar redes sociais pré-existentes para produzir aumentos exponenciais em conhecimento de marca, com processos similares à extensão de uma epidemia." (Wikipédia)

O boca a boca é método conhecido por todos nós há anos para espalhar uma notícia. Também conhecido como fofoca em algumas vezes, ou um enorme prazer de contar algo à alguém, o ser humano naturalmente gosta de falar daquilo que lhe dá prazer ou lhe traz benefícios. Certamente essa característica prevalece no sexo feminino, já que os homens costumam guardar as grandes descobertas para si, a não ser que seja a conquista da mulher mais gostosa da região. Isso é notícia de capa.

As empresas têm apostado no marketing boca a boca como estratégia dentro do plano de marketing anual. As pessoas já usam isso desde sempre nas suas estratégias de publicidade pessoal. Tem uma estatística que, mais ou menos diz assim: quando você está satisfeito com algo geralmente não conta pra ninguém; mas quando está insatisfeito conta pra 7 pessoas. Ainda que os números não sejam efetivamente esses sabemos que o negativo é sempre mais prazeroso de ser espalhado aos quatro cantos do mundo.

Você prefere contar sobre um restaurante maravilhoso que foi ou sobre um prato que veio com uma barata dentro? Prefere dizer que comprou um celular novo ou que foi assaltado e levaram o seu celular? Prefere falar do pau gostoso ou daquele que quase não conseguiu ver? (Meninos, se não gostam, essa não é pra vocês, não se ofendam).

Pois assim funciona o marketing viral. As más notícias se espalham em velocidade extremamente superior. Geralmente no que se refere à performance como parceiro romântico, se a pessoa está feliz não costuma falar muito com os amigos detalhes a respeito; mas se teve uma má experiência amorosa....... meu querido, prepare-se, o nome está na boca do povo. Levando em consideração que o Rio de Janeiro é uma vila provinciana, é interessante ter a idéia do marketing viral levada em conta antes de uma atitude mal pensada, ou mal agida.