escrever o sentir

é como querer tocar na lua

não escrever o sentir

é viver sem registro

é não viver

é precisada a hora da escrita

do tirar de mim

de dar espaço às lágramas

essas que vem, que surgem, que brotam 

como nascente de rio límpido

sem motivo

com emoção

com vida

com ingenuidade

e, também

como sempre

com ansiedade

é emoção pura

emoção

emoção

vontade de abraçar

de chorar

de ser

e só

.

isso aqui tá meio fora de moda
tudo está, em algum momento;
a única coisa que não sai de moda
nunca
é a emoção que corre aqui
essa que me faz chorar
de ver um sonho a se realizar
outras pessoas a compartilhar
um mundo a conquistar
e
mais que tudo
a felicidade a deliciar

.

hoje eu tava tão linda
pena que você não viu.
você, quem?

e eu que vou saber?

.

se você lesse isso daqui
compreenderia a intensidade que sou
e compreendendo me recriminaria por isso
ou me permitiria ser assim?
ou até me admiraria por isso?
o dia que isso for
se é que pode ser
serei eu a mulher sim mais feliz
do mundo
de todos eles;
e se esse dia não chegar
serei eu a mulher sim mais feliz
por tentar sê-lo a cada momento
dia após dia;
se a intensidade não for entendida
será escondida,
como já é hoje;
e pronto.



que saco!

.

sei tudo o que eu queria
e quero agora, sempre;
viver essa emoção
inteira, interna, cheia, de lua, como a lua
junto, com quem quer
que seja o nosso agora;
e se não é
fico eu e minha música,
nossa história
não realizada
porque o nós é eu
e pronto
e ponto
final

.

é forte a emoção aqui dentro
de estar viva
de viver esse encontro
de ter vivido aquele
e o outro e o mais antigo também

mesmo aqueles sofridos
chorados, não desejados
foram buscados, sentidos, intensificados
porque morrer por dentro
de amor vale a vida a viver

.

ninguém mais usa isso aqui
mas aqui é questão de sobrevivência
de viver dentro de mim
podendo ir pra fora em algum lugar

continuar a vida com as
coisas do passado
é poder escrever e tirar
de mim o que tenta me tirar o sono

o que foi é e o que é será
recheado com as emoções
provavelmente só cheio delas
é o que existe, é o que é, é o que sou

um turbilhão, a turbina
que gira, vai vem volta
e pouca gente vê
menos ainda enxerga

é mesmo na solidão
que aprendemos a viver
como adultos que somos obrigados
quando queríamos eternamente

cantar
sorrir
e ser
simplesmente

.