segunda-feira, junho 28, 2010

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entre eu e você, a lua

é noite no leblon
estou eu e a noite amarelada
pela lua cheia grande
é noite e enluarada está
a luz amarela essa que ilumina
formando o feixe de luz ensolarada
que une a mim e à lua

é noite aqui em mim
estou, ainda que distante, dentro da lua
escosto meu ouvido direito nela
que sussurra aquelas palavras
as que estavam na minha mente todo o tempo
apagadas pela ausência dessa luz

é noite na praia carioca
estou eu e todos eles que ultrapassam
correndo para chegar em algum lugar dentro deles
cantam, dançam, beijam
homenageiam a bela noite de lua cheia que está

estávamos eu, eles e a lua
além do caminho, que ficou curto entre eu e ela -
a trilha que se iluminou
entre o visto e o escondido de mim;
a trilha sonora que preenchia os espaços
entre os pensamentos e os passos,
até que trilhando o caminho
o da música, o da penumbra, o do pensar
cheguei,
e ainda não encontrei você.

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poço semi-vazio

quando queremos algo há muito tempo
a realização não se faz de uma vez;
são necessários vários momentos
da mesma junção dos corpos
para satisfazer o poço fundo que
no vazio onde existia há tempos,
não se preenche de uma vez.

serão vários os baldes que derramarão
em nós a satisfação dos desejos retraídos
que permitirão os sorrisos amargados
pela castração de um amor infantil;
infantilizado pelo simples fato
de ser puro, livre, romântico, brilhante;
castrado pelo simples fato
de ser lindo, intenso, revigorante.

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sábado, junho 26, 2010



AA

Continuo vivendo minha vida
E você é o gole que eu decido,
Cada dia não tomar.

Só por hoje.
Só pelo meu amanhã.

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quinta-feira, junho 24, 2010

Morro de medo da aterrisagem
Parece que o estômago que tanto controlo aqui dentro
Vai pular e chegar lá no piloto.

Vão acabar descobrindo
Que tenho comido sapos com farofa.

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segunda-feira, junho 21, 2010

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E o que eu faço com meu coraçãozinho?

Opção 1: Poe numa caixa de presente e manda pra ele! É que nem receber um bebê numa caixa na porta de casa, não tem como não pegar pra criar.

Opção 2: Poe numa caixa e enterra! Já tá morto mesmo, melhor não ocupar espaço no corpo.

Opção 3: Poe numa caixa e congela! Congelado tem prazo de validade estendido.
 
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domingo, junho 20, 2010

bem bom

meu bem, não fique triste pelo descaso arregaçado
deixa pra lá essa expectativa desenfreada de um sorriso
tira de si a alma de pedinte de um amor não correspondido
segura a onda do corpo carente de um afago não-amargo

meu bem, olha o céu de estrelas brilhantes a perguntar
se o dia ensolorado pode pela sua porta entrar
deixa a vida te levar, abraçar a todo instante
sorria à toa, abra a boca
e se ponha a cantar lálálá

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sexta-feira, junho 18, 2010



estava aqui querendo escrever alguma coisa genial quando me dei conta de que o coração, na maioria das vezes, é o oposto disso; é o mais simples possível; e é essa simplicidade que tornam geniais as palavras mais singelas. e hoje eu apenas tenho a agradecer. agradecer à vida, agradecer aos amigos, agradecer à família, agradecer ao universo, agradecer a deus. agradeço por terem feito do meu aniversário um momento muito especial, de reunião de carinho e amor, de troca de amizade sincera, de olhos nos olhos, de coração com coração. e, fechando as comemorações, um último pedido (já feito nos vários bolos assoprados): que cada dia do próximo ano eu me lembre da sensação de hoje e sorria como sorri para cada palavra que escutei e para cada qual mentalizei amém.

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quinta-feira, junho 17, 2010

risotto de camarão

vício

o que eu faço mesmo com o cheiro seu que ficou em mim?
onde coloco todas as palavras que não consegui expressar?
como vou dormir agora sem o volume do seu corpo ao lado meu?
qual vai ser a trilha sonora dos meus sonhos essa noite?
por que quatro horas ficam arraigadas por outras oito?

nenhuma dessas respostas veio junto com a vontade que eu tinha,
nenhuma dessas perguntas será respondida antes da repetição latente;
todas as conclusões existirão apenas se da sua chegada.

é de cachaça que estamos falando.

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segunda-feira, junho 14, 2010

Holanda

o grupo da esquina bebe enlouquecidamente
estabelecem-se como pinguins, imunes;
tomam todas, cada mágoa interiorizada.

o chá quente aqui evapora e deixa ir;
leva o aroma perfumado esquecido,
aquece o corpo cansado apagado.

dois dias antes da virada anual,
vinte e seis anos depois da entrada triunfal,
estou eu aqui; eu e meu chá, meu chá e eu.
em comum: o calor, resfriado pelo tempo.
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coração de mãe e filha -
encontro diariamente buscado
aconchego instantâneo
reconhecimento infantil;
o mundo pode acabar
que ficaria ali eu e ela
sem frio
sem medo
sem nada mais
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coleção de calcinhas

para uma mulher
ter uma coleção de calcinhas na gaveta
é um tanto quanto frustrante, posso dizer.

colecionar calcinha, diferente de figurinha
não é para engavetar;
é coleção usável, coleção gastável
é coleção para reposição, e não acumulação.

minha coleção de calcinhas
já passou por várias linhas;
umas foram, outras estão há anos
umas muito usadas; valor sentimental
outras intocadas; aguardando momento ideal.

a coleção é linda.
tem gente que viu e gostou.
uns preferem as coloridas, outros as transparentes;
há aqueles que nunca conhecerão,
ainda que se interessem por coleções.

para estes mostro minha coleção de palavras,
de sorrisos, de quitutes;
a coleção de calcinhas está guardada
a sete chaves;
que para conhecer o caminho é simples:
sete portas minhas a serem abertas.
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terça-feira, junho 08, 2010

Chico Salles

chamo de tesão
e ele com o cu na mão
deixa passar talvez a maior da emoção
retrai o corpo todo
todos os membros o deixam louco
prefere ficar com o pouco;
tem a culpa toda em si
e eu cantando lararí
o deixo parado ali
seguindo devagar
deixando a vida me levar
para o lugar onde quero chegar
e que talvez ele sempre fique a imaginar
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segunda-feira, junho 07, 2010

Dia-menininha

Arroz tailandês
Mango chutney
Bolo formigueiro
Cerveja em garrafa

Como perder um homem em 10 dias
Pipoca
Coca light
Ervas
Risos

Arroz tailandês
Mango chutney
Risos
Bolo formigueiro
Risos
Beyoncè
Risos

Beyoncè
Risos
Ele não está tão afim de você
Risos
Ervas
Risos
Bolo formigueiro
Risos

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domingo, junho 06, 2010

Berlim 

Tinha tudo pra dar errado. E deu.

Um não conhecia o outro (porque saber o nome, ver umas fotos e saber qual é a carreira profissional não é conhecer). Chovia. A expectativa de quem os apresentou era grande (principalmente porque é de familia que estamos falando, meus caros). Em resumo, era tudo às cegas, ou blind como é de costume chamar em inglês. A proposta do restaurante foi errada. O papo foi para caminhos nunca antes imaginados (e tortos). Os risos eram de nervosismo. A meia até rasgou de irritação. A comida foi toda comida para passar o tempo. E o vinho.... ah, esse foi fundamental para sobreviver. Sem preconceitos. Assim foi desde o início. Mas chega um momento que já não são pré, passam a ser conceitos formatos, com início, meio e fim. Conceito esse firme e seguro. Nada a ver. Não tínham nada a ver um com o outro. A não ser o foco religioso (bom, o de nascença porque na verdade verdadeira ela já tinha quase mudado de religião depois de tantas andanças). Meia hora. Uma hora. Uma hora e meia. Uma taça de vinho. Água. Meia pizza. Uma pizza. Meia rasgada. Banheiro. Sobremesa. Telefone tocou. Festa à espera. Conta, por favor. Socorro.

Tinha tudo pra dar errado. E deu.
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quinta-feira, junho 03, 2010

almoço de sábado em casa

Tenho tido uma certa fixação por comida. Na verdade sempre tive mas essa fixação mudou de formato. Antes eu comia tudo que via pela frente, sendo industrializado e com data de validade a maior possível tanto melhor. Pacotes de biscoito, leite condensado, balas etc etc etc. Com o tempo, a maturidade, a idade... enfim, quanto mais os anos passam menos industrialização quero no meu estômago. Quero saber da onde veio, qual é o prazo de validade, a composição. Isso pode ser considerado apenas exigência de gente-chata-mesquinha ou pode ser sinal de que finalmente entendi o valor da comida e como é importante ter consciência de todo o processo para saborear mais. Ingerir um pacote de biscoito em frente à televisão tem seu valor quanto ser pílula contra o estresse (melhor isso do que Rivotril), porém ingerir um bolo feito na hora tem valor infinitamente maior. Ainda que o valor calórico seja parecido, engordar com comida de casa não é tão frutrante quanto engordar sabendo que tem alguém numa sala do Setor de Vendas só olhando você como número-gordinho (literalmente!). Estou em love com o verbo "comer". Amor antigo esse. Amor de infância. Paixão que foi mudando de formato. E cada vez fica mais picante. Eu nem gostava de pimenta, agora sou apaixonada.
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