quinta-feira, julho 31, 2008


Hoje descobri que as crianças até certa idade não enxergam formas bem definidas, ou seja, vêem apenas vultos, borrões. E por isso se focam nos olhos de quem as vê, pois brilham e acabam por chamar mais a sua atenção. As bolas de gude dos pequenos se encanta pelas íris dos mais velhos; estes que as encaram olho no olho, talvez buscando adivinhar o que a criança está pensando ou "que grande são os olhos proporcionalmente ao restante do rosto", ou ainda como é incrível a capacidade do bebê ficar tanto tempo focado nos olhos de um adulto. Sempre me pego olhando fixamente para alguns bebês, bem no fundo dos seus olhos e acho que o que eu penso perpassa um pouco por "será que eu me lembro o que eu pensava nessa idade?", "que impressionante a vibração desse olhar!", "como tenho a aprender ou reaprender com essa inocência infantil" dentre vários pensamentos daqueles que surgem e vão como ondinha pulada em noite de ano novo.
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Tenho observado bastante as crianças e cada vez mais as acho misteriosas (até me esqueço, com frequência, que já fui uma - pois me parece algo tão irreconhecível pelo meu ser, pela memória...) e fico me esforçando para lembrar um pouco da minha infância. Alguns flashes me vêm à mente, daqueles brancos quase tão por completo que mal consigo enxergar a cena ali um dia presente; servem para trazer claridade à sensações intocadas, tornar lúcidas certas lembranças, facilitar algumas reflexões às vezes inacabadas por "falta de informação relevante". O processo é todo tão profundo que a criança volta em alguns momentos apenas para dar umas dicas a mais do mistério a ser desvendado. Vem, deixa transparecer a cena, traz também a alegria ou tristeza envolvidos e vai, dando espaço novamente à mulher para tomar a frente.
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Por experiência própria considero uma boa vivência convidar a criança, ou passada ou interna ou nunca existida, para dar um pulinho e mostrar sua cara. E sobre o brilho dos olhos, isso eu já concluí que é um mérito das crianças e dos adultos, que é o ponto focal e que deve se manter sempre, olho no olho.

segunda-feira, julho 28, 2008


Esguichos líquidos

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Quase 72 horas depois

Da visão do teto branco de tanta tinta e luz fluorescente.

Buracos de ar condicionado central também

Compunham o ambiente frio de uma tal manhã de sexta-feira.

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Papo de futebol para dissolver a tensão no ar

Furo na fina veia da mão

"Gisele, você vai dormir já já"

Um, dois, três e... já.

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Certo tempo depois,

Agora com cinco furos no total

Um nódulo a menos

Alguns quilos de pensamentos e

Umas quantas gramas de lágrimas,

"Gisele, já acabou tá?!"

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Zonza como zumbi em noite zoada

Voltei pelo exato caminho da ida

Já eu de forma diferente

Com dor no corpo, a mente indolor.

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Dormi alguns pares de horas

Intermeando certos minutos de lucidez

Para uma papinha qualquer

Ou um remedinho na tal veia

Há muito espetada.

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Foi quando acordei,

12 horas depois,

Há pouco mais de 50 atrás,

Para um novo corpo

E alma renovados.

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Cirurgia espiritual também realizada.

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27.07.08

quinta-feira, julho 24, 2008




Para tirar o atraso das imagens não postadas e porque me faltam palavras e me sobram emoções, preferi colocar algumas das últimas imagens realizadas. Imagens estas que representam meu olhar através das lentes recém chegadas; essa visão que inicia um processo de registro para que se torne gigas de fotos guardadas. Quem sabe um dia são usadas para algo mais útil?
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Luzes, câmeras, ação
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Você está em foco.
Estão em foco seu dinheiro, anseios, medos.
Tudo está sendo visto, guardado.
São câmeras pelos lugares,
Olhares externos, aqueles dos não internalizados.
Mais fácil é olhar que ser olhado.
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O objeto olhante não se percebe visto,
Esquece de virar a carcaça imbuída de "se-achismo".
Apenas segue em frente.
E para onde vão os seres narcísicos não se sabe
(Duvida-se que os próprios saibam).
Podem estar bolando um plano para conquistar o mundo.

domingo, julho 20, 2008


Eu adoro as metáforas. Não existe nada mais eficaz do que usar uma história metafórica quando se quer falar de algo que pode ser difícil de explicar, delicado ou perigoso. A metáfora, além de alimentar nossos lados criativos, faz com que cada um chegue à sua própria conclusão sem que a história ou o que quer que tenha apenas um lado, o de quem conta. Uso tantas metáforas ao longo dos meus dias que hoje vejo uma certa tendência à contadora de histórias (imagino que aqueles deste ofício tenham que desenvolver bastante essa característica de "metaforear" a vida). Então, se tudo der errado prefiro virar contadora de histórias do que hippie.


As metáforas que mais gosto são as destinadas a explicar questões emocionais e psicológicas, talvez as questões mais difíceis de serem explicadas pelos métodos tradicionais. Usar palavras e construções verbais corretas para falar sobre apego, distúrbios, obsessões, inveja, medo, dentre todas as loucuras que nós humanos somos capazes de criar em nossas mentes e vidas, é algo que parece no mínimo frio demais. Neste momento as pequenas metáforas surgem como uma solução geralmente mais acalorada para se falar disso. "Sinto que me criaram durante a vida como um bonsai, para que ficasse naquele ambiente para sempre daquele tamanho ou com crescimento limitado, como os bons e belos bonsais japoneses. Mas o que eu quero agora é sair do pequeno vaso, ter as raizes num grande pedaço de terra e crescer como uma árvore frondosa, grande, com belos frutos", uma metáfora usada por mim há poucos dias atrás. Não é uma forma muito mais poética de abordar o desejo pela própria liberdade?


É claro que nesse momento que lhes quero exemplificar outras metáforas estas não me vêem à mente. Mas isso não importa, porque certamente cada um tem as suas próprias e acho que as minhas são tão espontâneas, tão corriqueiras, e tantas que lembrar de algumas poucas parece tarefa impossível.


Vou agora sair para tomar um banho, como aquele das aves que mergulham no mar e logo estão prontas para um novo vôo. Um banho rápido e rasteiro.


quinta-feira, julho 17, 2008


Se a vida é justa ou injusta? Minha mente insiste em me perguntar isso e eu insisto eu repetir a pergunta para pensar um pouco mais antes de responder mas, ainda assim, me pego pensativa, divagando, até que outros porquês vêm à tona e aquela dificil pergunta vai para longe (não por muito tempo, pois repetidamente vezes volta e querer a tal da resposta). Creio que não se trata exatamente de justiça quando está em foco o motivo da vida; a referência está na realização. O fazer não é justo ou injusto quando a intenção é a melhor possível; quando o ser que a realiza está imbuido de sonhos, de projetos agora colocados em prática, da vontade de também deixar ou seu feito no mundo. A balança que representa a justiça (a mesma que desenha o signo de libra, dito um dos equilibrados, ainda hoje não percebido por mim como tal), pende para os dois lados dependendo do peso colocado em cada um. Sim, nossas vidas são assim, às vezes para um lado às vezes para outro; mas não é assim o que chamamos de Vida, existência. A Vida, que vai muito mais além do dia a dia humanizado, não tem símbolos que a representem, ela simplesmente é. Nós sim precisamos de elementos, de fábulas, de histórias nas quais nos embasarmos para, com essas metáforas, seguirmos fortes e ilesos, na continuidado da missão começada em algum tempo não identificado por nossó relógio interno. O tempo do feito não é o mesmo o qual imaginamos ser o ideal; o tempo da realização é o tempo que deve ser, é o tempo que precisa para acontecer. Cada um vive num tempo paralelo. A linha do tempo de cada ser humano, dependendo da cultura em que inserido, das cobranças as quais têm que responder, do sol que aparece ou não, da ansiedade pelos sonhos a se realizar, varia. E até que ponto vai nossa capacidade de abstração para compreender o início e o fim da ampulheta de cada um? Não creio que sejamos tão divinos a esse ponto, ou talvez nem o divino compreenda quão importância damos ao quesito tempo quando ele o criou.


Vivemos em redes, em teias pessoais acopladas umas nas outras formando a grande relação entre tudo e todos. Não só as ações de cada um influenciam umas nas outras como também os pensamentos. Atitudes, assim como o que passa pela mente, gera onda energética e cria na teia de cada um certa vibração. Quando esta tal vibração se encostar na rede do outro ao se aproximar, a vibração antes criada gera algum tipo de efeito. A responsabilidade de tal efeito, positivo ou negativo, é dos dois seres humanos ali envolvidos na comunicação. Gerar atitude e pensamento em prol de um planeta mais digno de abarcar toda essa comunidade é responsabilidade de cada um e, creio eu, faz parte da missão de todos.


Tanto aqui como do outro lado do mundo, como em qualquer sítio escondido que se vá, há aqueles que fazem e os outros que esperam acontecer. Um momento de parada faz parte da evolução (é importante respirar fundo no meio do caminho entre o nível do mar e os 4.000 metros de altura para que se consiga chegar ao topo e ver a vista). Não podemos é achar que a parada é o caminho, porque nunca nenhuma pessoa chegou a algum lugar sem se mexer. Percebamos naqueles que fazem da sua vida o próprio exemplo e contiuemos a nos espelhar nestes para realizar o nosso, que pode se tornar o exemplo de alguém.

sexta-feira, julho 11, 2008

Tenho bons motivos para nao ter escrito nos ultimos dias e se chama Terra Santa. Estou no pequeno pedaco de terra do lado oriental do mundo (para nos brasileiros), motivo de guerras e choros, que tem varios lados as vezes dicotomicos, as vezes complementares. Israel e um pequeno estreito que mistura ecossistemas de deserto, mar e floresta. O sul tao branco e seco que doem os olhos sem oculos; o centro um pouco avermelhado e com aguas azuis refletidas do ceu sempre limpo; e o norte de montanhas que fazem os carros subirem e descerem proporcionando belas vistas e frios na barriga como em montanha russa.

A terra prometida tem varias religioes vivendo pacificamente (nem sempre, e verdade) que caminham pelas ruas, que falam uns com outros, que permitem ao pais ter varias linguas concomitantes; inclusive as ruas tem tres formas de escrever. Em todos os lugares ha pessoas falando hebraico, arabe, russo, chines, portugues, espanhol. E um mix digno de filme. Certas cenas sao impressionantes, como um soldado armado rezando no Muro das Lamentacoes, uma judia religiosa seguida por seus 14 filhos, uma arabe completamente vestida de preto (inclusive com o rosto coberto sem espaco para os olhos - certamente ha um porque que nao tive a oportunidade de saber) e outras varias cenas curiosas para uma brasileira atenta.

Aqui todos sao obrigados a servir o Exercito, homens e mulheres. Ficam de 2 a 3 anos prestando esse servico obrigatorio. Crescem muito, amadurecem, aprendem a viver longe da familia, viram filhos da "Tzava". Depois desse periodo ha algo muito comum entre eles: viajar pela Ameria do Sul ou pela Asia por um ano. Creio eu que isso e fundamental para que eles retomem suas almas pessoais, que relembrem seus gostos, que tirem um pouco da " lavagem cerebral" realizada. Considero, bem mal comparando, que estou entrando no meu ano pos Tzava. Fundamental para seguir caminhando de acordo com o que minha alma esta dizendo.

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Ja tirei 1.000 fotos com meu novo brinquedinho digital mas infelizmente nao estou tendo a oportunidade de colocar aqui (quando puder dou a forra).

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Shalom! Salam!