Hoje a vontade é de falar do meu Brasil brasileiro e um pouco de amor. Talvez o desejo de falar de ambos os temas, e ao mesmo tempo, não sejam mero acaso. O Brasil além de ser a minha pátria, o país que me abrigou, é onde aprendi sobre a vida, onde lutei, onde plantei, onde colhi e onde aprendi o que é amar (ou, ao menos, o que eu acho que é o amor por enquanto). Mas claro que a minha relação com esse país, assim como com tudo e todos na vida, não é feita só de amores. Essa imensidão de verdes, azuis e sorrisos me proporciona sentimentos muitos vezes até temidos por nós humanos como a frustração, o medo, a raiva e a insegurança. Tentar resolver uma questão burocrática aqui é inversamente proporcional ao sentar na praia de Ipanema e sentir a brisa do mar. Querer um bom serviço é quase como esperar a banda passar. Imaginar um Rio de Janeiro em paz corresponde à aguardar um lindo céu azul de outono em pleno verão de 40 graus. O Brasil, pátria amada idolatrada salve salve, é o próprio exemplo da dualidade, um país tão rico em pessoas, alegria, música e tão pobre no que se refere a uma nação preocupada com seus cidadãos. É de se tirar o chapéu para nós brasileiros que passamos por essas dificuldades e vencemos e, principalmente, para os que passam pelas mesmas coisas e não reclamam disso, simplesmente vencem (sinceramente não sei a qual grupo pertenço mas espero que esteja me aproximando do segundo).
E foi no Brasil que vivi o primeiro amor; foi aqui que aprendi o prazer do sexo, a importância da sinceridade, o valor da dança e da música de uma forma geral. Foi nesse país de jacarés e gaivotas que me entendi por gente, que fiz amigos queridos, que me conheci. O Brasil, com "s", é nosso (e é mesmo, porque se nas relações entre homem e mulher morar junto mais que 5 anos já dita um casamento viver em um país por alguns bons anos a mais traduz um belo de um matrimônio) e sempre será. E, exatamente por isso, é que não dá pra entender não cuidá-lo como cuidamos dos nossos pertences ou das pessoas amigas. Cuidar não é simples, é verdade, muitos de nós nessa atualidade louca nem estamos aprendendo esse verbo, mas é hora de ter a curiosiodade de conhecê-lo. Bom infinitivo, aplicado a diversas situações do dia a dia e, mais que tudo, às relações humanas.
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Arrumando o quarto, abrindo as gavetas e folheando cadernos finalizados, resolvi escolher algo para postar aqui que de alguma forma tivesse a ver com o que falei. Poderia falar de fauna, flora, política, amor... mas vou compartilhar algo sobre prostituição.
São moças, mulheres, senhoras
As que dão prazer fácil a alguns homens
Muitas vezes barato, de graça;
Porque 10 reais é de graça para chupar um pau (sujo),
Para se submeter ao tesão de um homem podre
Às vezes marido, às vezes velho, às vezes menino ainda.
São guerreiras e pacifistas.
Guerreiam com a vida
E tentam fazer a paz consigo próprias.
Não é fácil o aperto de mão
Para essa que teve que criar esse lado em si.
É tarefa difícil viver a vida assim.
Não que eu saiba, mas só de não saber
E nem conseguir imaginar,
Imagino a dificuldade que seja.
São mães, esposas, cidadãs
Talvez não reconhecidamente,
Certamente preconceituadas.
Sem passado falado
Sem futuro esperado
Apenas sonhado
(Porque este ainda é dado a todos)
Até que não consigam mais nem sonhar,
Até que emprenhem de um mal amado.
24/10/06
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A foto é do lindo presente que minha amiga Nati mandou. Emocionei-me demais com as rosas em botão, apertadas como que aquecendo umas às outras, prestes a desabrocharem, formando um feminino bouquet.
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