terça-feira, junho 03, 2008


Hoje simplesmente me deu vontade de não ir dormir sem escrever algo. O corpo está inquieto e a mente nem se fala. Até as psicócologas se espantam com a velocidade e a quantidade de coisas que penso. E não pensem que estou achando bom ou me vangloriando por isso. É cansativo. E, ao mesmo tempo, me deixa viva. Por essas e outras existe a meditação, a Yoga, a música e a escrita, além de muitas outras ferramentas que nós humanos usamos para sair da rapidez que nós mesmos criamos. É engraçado isso. Bom, eu acho.


Mas mais engraçado ainda é pensar na forma que nos comunicamos atualmente e a mudança do conceito de proximidade ou afastamento (das pessoas). Nosso mundo pessoal é repleto de contatos, seja nos sites de relacionamento, seja na pasta do sistema de email utilizado ou na agenda do celular, cada vez com mais espaços para nomes (o suficiente para arquivarmos telefone da pizzaria, da farmácia, do ou da peguete - que geralmente se precisa perguntar o nome novamente antes de escrever, o que já torna o armazenamento duvidável - ou de um contato "profissional" que você nem sabe porque anotou e que depois nem consegue achar - na sua própria lista!). Guardar infinitos contatos é como ter essas pessoas, de alguma forma, fazendo parte da sua vida. A sensação, muitas vezes, é de que basta olhar o telefone ou o email ou a foto daquela pessoa em um dos seus sistemas de contatos pessoais que esta já está sendo contatada. É como estar no ônibus, pegar o celular para ligar para alguém e quando começa a passar os nomes tem a impressão de que está se aproximando das pessoas que estão com o nome cadastrado ali e o qual você acabou de ler. Não, não é assim que o ser humano é. Porém, cada vez menos humanos que estamos, nós nos deixamos seduzir pela facilidade dos relacionamentos de "contatos" e "listas" e esquecemos de lado a dificuldade em manter uma relação.


Relacionamento, creio que podemos ter com muitas, muitas, muitas pessoas (quantas forem possíveis armazenar nos meios eletrônicos); Relação é para poucos. Os poucos que conseguem se abrir para conhecer esse novo mundo do outro e os outros poucos que se deixam conhecer. Para ter quantidade de nomes basta ligar para uma empresa de mailing list e comprar a lista que melhor tem a ver com a sua segmentação pessoal (idade, cidade, país, música preferida, livros que leu etc). Conheço algumas para os interessados. Para iniciar relações aí já não sei se posso ajudar muito porque cada um tem que descobrir a sua forma pessoal de iniciar e manter uma relação. Estas, não tem espaços em branco para serem preenchidos como parâmetros criados por alguém; são as próprias criações. Se eu fosse falar de Deus e do que nós temos a ver com ele, diria que um dos pontos é termos a liberdade para escolher: relacionamentos ou relações. Certamente a escolha não é simples pois vem acompanhada de muitos esforços. Cabe a cada um avaliar se é suficiente abraçar o computador ou dormir com o celular do ladinho no frio do quase inverno.




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