Bruxelas

Deus existe e sabe o que faz
Sempre soube o que faz
Eu é que às vezes esqueço que
Não posso entrar no outro e
Adivinhar seus desejos e realizações

Cada um, ainda sendo Ele esse,
Tem em si o ato próximo a realizar'
E este é de acesso restrito,
Definido anteriormente
E apenas explicitado em momento ideal

Não sou eu a saber o dia e hora certos
A desvendar o destino a se realizar
Em mim, em ti, nele;
É confiar e deixar-se invadir
Pela certeza e segurança
Do dia porvir e do amor a não mais subtrair.

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todo mundo em nós

todo mundo quer conhecer o mundo inteiro. quem mora na India quer conhecer o Japão. quem mora no Japão quer conhecer a Australia. quem mora na Australia uer conhecer Israel. quem mora em Israel quer conhecer a Tunísia. quem mora na Tunísia quer conhecer a França. quem mora na França quer conhecer o Egito. quem mora no Egito quer conhecer a Inglaterra. quem mora na Inglaterra quer conhecer a Argentina. quem mora na Argentina quer conhecer os Estanos Unidos. quem mora nos Estados Unidos quer conhecer o Peru. quem mora no Peru quer conhecer o Canadá. quem mora no canadá quer conhecer o Brasil. quem mora no Brasil quer conhecer o México. quem mora no México quer conhecer a Espanha. quem mora na Espanha quer conhecer o Zimbabwe. quem mora no Zimbabwe quer conhecer a Turquia. e se todo mundo quisesse conhecer o seu mundo inteiro? quem mora na India quisesse conhecer a India. quem mora no Japão quisesse conhecer o Japão. quem mora na Australia quisesse conhecer a Australia. quem mora em Israel quisesse conhecer Isarel. quem mora na França quisesse conhecer a França. quem mora no Egito quisesse conhecer o Egito. poupa-los-ei desse cansaço. mas o ciclo seria por si menos cansativo. e quiçá, mais satisfatório.

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weheartit.com

papo

ele falando assim dela como se fosse hoje o primeiro dia
fez meus olhos aguarem como aguava minha boca pensando nele;
quando o senhor, já não mais moço como naquele tempo,
levantou os braços esbravejando tamanho o amor que o preenchia -
o mesmo daquele aos 15 anos quando começava a conhecê-la
momento que descobria os sinais do seu corpo, o cheiro do sexo no ar -
subiu em mim um calafrio dos pés à cabeça,
o qual diferentemente do nome, esquentou o coração
aqueceu a saliva molhada, e molhou um pouco a calcinha.

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Feira do Lavradio

Longa metragem (duração: 50 anos)

Foi num mar de plantas
Que estava o casal quando encontrado.
Beijavam-se bem no meio daquele matagal
Quando o filme paralizou.

O casal ficou parado
E todo o roteiro seguiu adiante.

Hoje fazem 50 anos que
O casal está parado naquele beijo.
Cada dia, no mesmo horário,
Apertam o pause do vídeo do matrimônio
Olham-se um ao outro
E repetem a cena

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quando a manhã começa com um amargo forte na boca
a vontade é de continuar no sono profundo onde estava
para ver se assim os sonhos adoçam o despertar do novo dia

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Botà-Nicko

É um museu ao ar livre,
Cada árvore um quadro a ser apreciado.
Distancio-me os 2 metros necessários
Para apreciar beleza natural tão inocente.

Essa inocência da natureza me fascina.
Estímulo para a criatividade.
Alimento para a memória futura.

O museu ao ar livre
Está bem do lado da minha casa;
É a minha casa.
São nessas árvores centenárias
Que acomodo alguns dos sentimentos
Que não cabiam em cômoda alguma
Do meu dormitório calorento.

O chão de terra esse,
Faz rememorar a árvore que também sou;
Pedras pequenas no caminho,
Crianças empurradas no carrinho;

E o que prende o meu olhar
São as árvores hospedeiras;
Trepam umas nas outras
Pedindo alento, alimento.

O museu é democrático
Ainda que seja todo de um Artista só
Várias espécies, vários verdes
De muitos lugares, de muitos passados.

E os visitantes, dos mais diversos,
Caminham com os mesmos olhos para cima
Admirados com a sua pequenez

Como não poderia ser diferente,
Museu de tanto sucesso de público
Só existiria muito bem abençoado.

Tem um Cristo que o protege
Bem abaixo dos seus braços.

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Santa Teresa

elos

era uma vez eu, você e o mundo lá fora;
foi quando o mundo acabou e ficamos eu e você
fazendo todo o sentido que poderia existir -
o que não existiria se o término fosse
do elo entre nós dois
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João Siqueira

love

a energia da vida é mesmo muito interessante
quando estava eu aos seus pés para o que quisesse
estava você longe de mim acenando um adeus
agora que estou eu em direção a outro alguém
vem você do além e propoe um encontro casual

o que está no ar é levado e trazido
você sentiu o meu corpo se afastando do seu
percebeu o meu silêncio









e agora pede colo
insiste por um pouco de mim

tarde
agora é tarde demais
a parte de mim que você gostaria
já está embrulhada de presente pra outro alguém
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Egito

Detectando sorrisos

Se as máquinas fotografassem
As imagens onde contivessem sorrisos
Todas as fotos expostas seriam felizes

Se as máquinas apenas
Permitissem fotos sorridentes
Não haveriam fotos nos porta-retratos

Principalmente se os tais
Sorrisos precisassem ser verdadeiros.

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Nó atado

Nós deitados encaracolados
Engatados como um só
Fazendo nó de ambas as partes
Olhando mais dentro do que o que existia
Vendo ali cada molécula com maestria

Nós entrelaçados abraçados
Amarrados como um filó
Atados estávamos
Naquele tempo só nosso
Desconhecendo o relógio que rangia
Ignorando qualquer melancolia

Estávamos nós para sempre naquele momento
Porque o para sempre existia apenas ali em nós
E em nós se fazia pleno
Imune, perene, sereno.

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