quinta-feira, maio 27, 2010

48horas

Em quarentaeoitohoras muita coisa acontece. Às vezes acontece menos, às vezes acontece mais. Engraçado o mesmo número de horas gerar produtividade diferente. Nas últimas quarentaeoitohoras escutei algumas frases erradas (minha cabeça gerou o viés para o que eu queria ouvir), vi paisagens muito diferentes (dentro do táxi branco, as paisagens enquadradas em formato retangular ficavam lindas ), conheci pessoas (sempre cruzamos com várias, mas percebi que dessa vez conheci mais porque foquei o olhar nas suas pupilas), me destravei (pois é, não tem como evitar certas "paradas" na vida, paradas entre estar ofegante e estar outra vez com o pulmão cheio de ar).

Escutei "boa peça!" quando estava sentada prestes a embarcar. Escutei errado. Eu queria mesmo estar dentro de um teatro, ou concluí que a aeronave é um grande palco teatral. Escutei "feliz dia dos namorados!" e era isso mesmo que ele disse no final do vôo. Mas faltando mais de 15 dias para a data festiva, não consegui entender a parabenização. Estranho todas as sensações e pensamentos que temos em apenas quarentaeoitohoras. Pensar nessa quantidade de elétrons saltitantes, de moléculas que se esbarram, de energias que circulam, me gera uma certa ansiedade (sensação essa uma das mais visitadas por mim). Aliás, o que não gera ansiedade nessa vida atribulada, não é mesmo? Ah, sei de uma coisa: rir! Rir desobstrui qualquer canal, quebra qualquer gelo, aproxima quaisquer duas pessoas.

Nessas quarentaeoitohoras ganhei uns 10 sorrisos pelo menos depois de dar eu o primeiro. Por que a mesquinharia na distribuição de sorrisos? Quando "estou" eu mesma saio espalhando um monte por aí... "Estar eu mesma". Isso mesmo, ainda que sempre "seja" eu mesma, parece que às vezes a alma sai pra dar uma volta e deixa o corpo oco; de repente, como num golpe de susto, volta correndo para habitar a carcaça. E quando corpo e alma se encontram, os dentes aparecem, os olhos diminuem, a covinha fica querendo aparecer, a íris brilha.

.

Nenhum comentário: