segunda-feira, janeiro 13, 2014



É dor de um pedaço amputado
Uma parte que encaixava e foi tirada
Dor suave e constante, como um ruído agudo 

que incomoda o ouvido lá no fundo

É profunda a dor de uma parte perdida
Perdida pro oceano, pra acima da linha do Equador
Que ainda que a tecnologia seja pretensiosa
Nao aprendeu a nadar por mar aberto

É dor de um dia
E de dois dias
E de mais de três noites
Dorzinha de dente mas que não é no dente
Dorzinha de casquinha de machucado arrancado à força

É profunda a dor da despedida
Do adeus à força como as mães que viam seus filhos ir para a guerra
Ou dos filhos separados das mães nos trens da morte

Essa dor tão doída de tão suave
Essa dor tão irritante de tão constante
Essa dor tão macabra de tão ingênua
Essa dor que só não mata
Porque é menor que a existência do amor


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